domingo, 16 de dezembro de 2007

Soares de Sampaio

Soares de Sampaio


Cecília Teixeira SOARES, uniu-se pelo matrimonio em 1895, ao Alberto de SAMPAIO, na casa onde ela morava com sua familia, á av. Koeler alugada do Barão de Jaceguay, em Petrópolis.

O casal Alberto e Cecília, vieram residir na rua Souza Franco, (pois, o pai de Alberto adquirira em 1887, prazos com uma casinha ) onde nasceram e foram criados seus oito filhos – os irmãos

SOARES de SAMPAIO.

Cecília era filha do grande empreendedor João Teixeira Soares, o homem que construiu 10.000 km. de estradas de ferro, presidiu a Itabira Iron Ore Co. origem do que é hoje a Cia. Vale do Rio Doce, teve a primeira conceção duma linha aérea comercial, participou com seus netos os Soares de Sampaio do desmonte do morro do Castelo, levou técnicos, o principe D. Pedro e seus filhos – João ( de Parati), Pedro (de Petrópolis) e Tereza, mais sua filha Sylvia e neta Godé, para um estudo e passeio pelo rio Paraná, mostrando a potencialidade daquilo que hoje é Itaipú, entre muitos outros empreendimentos. Foi agraciado pelo Imperador com a comenda da “Ordem da Rosa’, pelo governo francês com a ‘Legião de Honra da França’, pela Bélgica com a ‘Ordem de Leopoldo e da Corôa’. Foi Presidente de Honra da Camara de Comercio Belga, do Banco Francês e Italiano, do Lloyd Nacional, do Jokey Club. Fundou o Club de Engenharia, era membro da Sociedade Geográfica de Paris, do Instituto dos Engenheiros Civis da França, ...

Sua estátua, hoje, esta no Cosme Velho, no pé da Estrada de Ferro que leva ao Corcovado, obra sua.

Foi o homem de quem Eugenio Gudin disse em 1942 :

‘Só Mauá, cuja estátua hoje se defronta com a de Teixeira Soares, podia apresentar folha de serviços á Patria de tão alta valia’

‘São vultos deste porte que simbolizam a grandeza e a energia duma ráça’

Em Petrópolis, J.T.S. comprou a casa do monsenhor Bacelar á av. Koeler, onde casou sua segunda filha, Maria Eugenia, com Alvaro Mendes de Oliveira Castro, filho do Barão de Oliveira Castro, e depois vedeu-a ao seu amigo Franklin Sampaio. Em 1906 adquire a casa ao lado da Cecília, na Souza Franco, onde se estabelece com sua familia. Participou das comições que estudou a anexação de Petrópolis ao Distruto Federal, do aformoseamento da práça da Liberdade, dos estudos da avenida Rio-Petrópolis que foi realizada mais tarde pelo seu admirador Washington Luís .... Fez parte do grupo que recebeu Santos Dumont, e o Rei da Bélgica.


Alberto era filho de Bento Luiz Pinto Ribeiro Pereira de Sampaio, ‘Fidalgo Cavalleiro da Casa Imperial’, ‘Cavalleiro da Ordem da Rosa’, bacharel em Letras, e em Ciências Sociais e Jurídicas, advogado conceituado, vereador (1861) na sua terra natal, hoje Nova Iguaçú, deputado á Assembléia Provincial. Casado com Luiza Amélia Machado Coelho de Castro, sobrinha do Mariano Procópio Ferreira Lage, era filho de Manuel P. R. Pereira de Sampaio.

Manuel Pereira de Sampaio, avô de Alberto, foi ‘Comendador da Ordem de Cristo’, membro da constituinte que criou a primeira Constituição do Brasil como representante do seu estado natal - Espirito Santo, Conselheiro, Presidente e Ministro do Supremo Tribunal de Justiça, entre outras coisas. Casado com Rita Algusta de Oliveira Braga, filha do Bento Luiz de Oliveira Braga e Francisca Mariana de Souza Coutinho, ambos de familias tradicionais do Rio de Janeiro .

Alberto de Sampaio, nasceu em 1870 no Rio de Janeiro, era irmão da ‘Irmandade do Santíssimo Sacramento de São Pedro de Alcântara de Petrópolis’. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, e logo começou a trabalhar na Estrada de Ferro Peçânha-Araxá. Dava assistencia jurídica ao sogro J.T.S., com quem manteve uma sólida amizade até o fim. Fundou a ‘Cia. Mineira de Mineração’, foi diretor da E.F.Vitória-Minas, trabalhou na Itabira, teve uma empresa com seu cunhado Alvaro M.O.Castro. Era membro da ‘The National Geografic Society’.

Em Petrópolis, Alberto advogou, foi um dos fundadores do ‘Cicle Club do Brasil’, que promovia gincânas e recuperava ruas. Em sua casa na Souza Franco, dava atenção especial ao jardim, colecionava cartões postais se correspondendo com outros mundo a fóra, fotografava com arte revelando no seu laboratório que hoje pertence a SOPEF, filmava em 16mm e seus filmes estão na pinácoteca do MAM, elaborava seus fumos e seus perfumes, estudava, trabalhava, em fim, amava sua esposa, seus filhos, seus amigos, sua casa, sua querida Petrópolis.

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Petrópolis acolheu com carinho e amor os irmãos Soares de Sampaio.

Tiveram uma infancia sadía – A obrigação escolar no Instituto Luso-Brasileiro do professor Noronha, e o ambiente erudito da casa, induziú-os a admirar as artes e a boa musica, a leitura mãe de toda sabedoria.

O ambiente púdico e tranquilo de Petrópolis com sua boa gente, suas matas seus perfumes, lhes transmitiu a serenidade necessária ao homem no enfrentar os grandes desafios da vida. Os passeios e pi-nic realizados num ambiente de alto respeito, ensinaram-os a gozar as belezas da natureza com profunda admiração pela mesma.

A companhia do vô João Teixeira Soares, sua presença quase que cotidiana, seu êxito no desempenho das grandes missões, impregnaram intensamente os espiritos dos Soares de Sampaio, despertando-lhes o interesse em se atingir um fim almejado, e o gosto pelo trabalho util construtivo.

Ao ultrapassarem o tempo da adolescência estavam prontos moral, intelectual e espiritualmente para seguirem o caminho do Homem no sentido superior da palavra. E assim o foram.

Os irmãos nunca deixaram sua Petrópolis no esqueçimento; sempre mantiveram vínculo com ela, realizando ações beneméritas aqui, ajudando a reforma da Catedral, a UCP, mantendo em conservação a estrada no Vale do Cuiabá onde tinham propriedades. A fazenda São Joaquim no Vale do Cuiabá, tornou-se o maior reservatório botânico do Brasil.

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Uma história que os engenheiros enaltecem é a da construção da ferrovia que deu um porto ao Paraná realizada pelo homem que

“gostava do impossível”

- João Teixeira Soares –

e que dizia:

“Quanto mais difícil à tarefa, tanto mais emocionante a execução e mais agradável a vitória”


Seus netos, os Soares de Sampaio, mais conhecidos como o “regimento Sampaio” continuaram com o lema do avô – deixando-se contaminar pela

“emoção do impossível”.

Com pouco mais de 20 anos montaram a Soares de Sampaio & Cia. que trabalhou no desmonte do morro do Castelo, no entroncamento ferroviário de Bauru, no abastecimento de águas de São Paulo - o de rio Claro - ...

Construíram a COMAFE - Cia. de Material Ferroviário - para fabricar trilhos vagões ... quando a crise de 29 arruinou-os.

A crise dominava o país, o marasmo econômico parecia que se eternizaria, queima do café, moratória e falências, suicídios ... , e, o regimento Sampaio se lança ao impossível – nacionalizar – e assim a Mogiana, a Cia. de Terras do Norte do Paraná ( lorde Lovat), a Marvin S. A. e vários empreendimentos agro-industriais passaram para as mãos de brasileiros.

Em São Paulo, montaram a primeira laminação de metais não ferrosos do país e uma fabrica de estojos de artilharia.

Durante a guerra, o C.N.P. autorizou a construção da Refinaria de Petróleo União, mas, enquanto esta estava em gestação os Soares de Sampaio trabalhavam –

Fabricas de cimento, de pneus, de cabos plásticos para transmissão elétrica, de produtos químicos ...

Refinar petróleo árabe custa caro. Se a Bolívia tem petróleo e gás ... e assim nasceu a União Brasil Bolívia S. A.

Os irmãos aposentaram-se e Alberto continuou:

Banco União Comercial e a UNIPAR controladora da Petroquímica União e suas coligadas.

Como dito do avô pode-se dizer dos netos também:


“São vultos deste porte que simbolizam a grandeza e a energia duma raça”



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